sábado, 22 de novembro de 2008

VOU DE FÉRIAS

Quem trabalha merece uns dias de repouso. Chegou a minha vez. Vou aproveitar estes dias de descanso profissional para me dedicar a uma actividade que adoro, a agricultura. Aproveito ainda para confraternizar com os meus amigos de infância, enfim regresso às minhas origens. Tentarei abstrair-me da minha profissão e de todos os problemas internos e externos. Se não fosse o futebol, nem a televisão ligava.
Tenho uma adoração especial pelo campo. Dá-me um prazer imenso percorrer os terrenos agrícolas, tratar das plantas e, mais tarde, colher os frutos desse trabalho. Nem sempre tudo corre bem, o nosso trabalho por vezes não é compensado devidamente. Umas vezes pelas condições atmosféricas adversas outras vezes pelo abandono a que as terras são devotadas. A mãe natureza tem destas coisas.
Também na nossa vida, no nosso dia a dia, encontramos essas contrariedades. O evoluir dos cidadãos depende da sociedade em que está inserido. Se a semente que deitamos à terra tiver o devido acompanhamento e tratamento teremos uma boa colheita. Há sempre um meio termo na nossa forma de agir. Como escrevia um amigo meu, mais maduro fruto de muitos anos de experiência na condução de homens, " Os jovens são como os borrachos. Se abrirmos demasiadamente a mão, como já têm asas, voam. Se pelo contrário, para evitar a fuga, apertamos demasiadamente a mão, corremos o risco de os esmagar".
Até ao meu regresso.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

SUICIDIOS NAS FORÇAS DE SEGURANÇA

Assunto chato e muito complicado. E se os casos ocorrem no seio das forças de segurança têm um maior impacto na opinião pública. Para alguns "trata-se de um acto de covardia que requer muita coragem", para outros "trata-se de uma fuga aos problemas". Contudo, todos somos unânimes ao afirmar que quem comete estes actos tresloucados são pessoas doentes com momentos fatídicos de fraqueza. Urge efectuar um diagnóstico e encontrar uma terapia para esta doença. Não sou psicólogo nem psiquiatra, no entanto, os anos de profissão que já me pesam nos ombros, levam-me a ter uma opinião pessoal sobre o assunto. É esta reflexão e este estudo que se exige à tutela das forças de segurança.
Segundo a minha opinião, são vários os factores que levam estas pessoas a atentar contra a própria vida. Enumerarei alguns que em minha opinião têm contribuido para estas tomadas de posição tão drásticas:
  • Alimentam-se falsas expectativas aquando do ingresso nas forças de segurança. Os candidatos pensam que tudo é um mar de rosas. Prespectivas de carreira, ordenados compatíveis, uma assistência médica eficiente, etc. E depois, o que é que encontram?
  • Fragmentações no seio familiar. Quantos deles abandonam mulheres e filhos nas localidades de onde são naturais para prestar serviço nos grandes centros urbanos;
  • Dificuldades nas transferências para os Comandos de preferência;
  • Pressão a que são submetidos durante o serviço;
  • Falta de acompanhamento por parte da hierarquia quando em situações complicadas de natureza operacional. Com o evoluir dos tempos vai-se notando um maior isolamento por parte dos agentes policiais em acções de patrulhamento;
  • A recente alteração da idade para atingir a pré-reforma;
  • Outros motivos há que por razões éticas e morais não vou descrever.

Não sou saudosista dos antigos métodos utilizados pela hierarquia policial. No entanto, apesar da existência de uma disciplina rigorosa imposta pela hierarquia, notava-se uma maior solidariedade entre os membros da família policial. Os problemas de um elemento, mesmo de índole familiar, eram superados no grupo de trabalho. Havia sempre uma mão amiga que nos pousava no ombro. Dizia-se na altura e disso eramos acusados, que a Instituição era corporativista.

Actualmente, existe um Gabinete de Psicologia a funcionar na Quinta das Águas Livres em Belas, gabinete este que faz o acompanhamento dos elementos policiais que a ele recorrem. Já se ouve dizer que os psicólogos são escassos para as necessidades. Estamos a falar daqueles que voluntariamente recorrem aos serviços do gabinete. Então e aqueles que. embora necessitados, que estão devidamente sinalizados, que não reconhecem a sua situação de doentes, o que é que tem sido feito para os tratar? Nada.

Escrevo isto com mágoa e em tom de desabafo. Sou alguém que já lidou com estes problemas e que já viu partir amigos que optaram pelo suicidio como solução para os problemas. Eram excelentes profissionais e como humanos que eram, tiveram um momento de fraqueza que lhes foi fatídico.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

SENSACIONALISMO JORNALISTICO

Vem estampado no jornal diário "Correio da Manhã" de 20.11.2008, a notícia da morte de um cabo da GNR em acidente provocado por um carro que seguia a altíssima velocidade e que estava integrado em corridas ilegais.
O militar em questão era o condutor de uma carrinha da GNR.
Até esta altura do relato, poder-se-à considerar uma situação normal num qualquer acidente com resultados trágicos.
Neste caso, lamenta-se a morte do militar e condena-se publicamente a atitude do condutor causador do acidente devido à sua incivilidade na prática da condução.
De referir que, segundo o referido jornal, o falecido militar "deixa dois filhos - uma menina com cinco anos e um rapaz com sete - e a mulher, que padece de esclerose múltipla".
Agora, o bizarro da questão. As companhias seguradoras recusam-se a pagar quaisquer indemnizações, quando o cinto de segurança não é usado devidamente pelos ocupantes das viaturas.
Não sei se foi este o caso até pelo facto do acidente estar em fase de investigação.
Entendo ser de mau gosto para não dizer de má fé o jornal vir a público e fazer considerações sobre se o militar trazia ou não o cinto de segurança.
Tanto o Sr. jornalista, autor da notícia, como as companhias seguradoras deviam conhecer a Lei e deixarem-se de interpretações "bacocas" para fugir com "o rabo à seringa".
Portaria n.º 311-A/2005
de 24 de Março
Publicado no DR 59, Série I-A, 2.º Suplemento de 2005-03-24
Artigo 6.º
Dispensa do uso de cinto de segurança

1 - Quando o uso de cinto de segurança se revele inconveniente para o exercício eficaz de determinadas actividades profissionais, o director-geral de Viação pode dispensar o uso daquele acessório, a requerimento do interessado que comprove devidamente a inconveniência do uso do mesmo.
2 - Para os efeitos previstos no número anterior, são emitidos certificados de dispensa do uso do cinto de segurança, de acordo com o modelo e as regras técnicas aprovados por despacho do director-geral de Viação.
3 - Independentemente do despacho referido no n.º 1 do presente artigo, ficam dispensados do uso obrigatório do cinto de segurança dentro das localidades:
a) Os condutores de veículos de polícia e de bombeiros, bem como os agentes de autoridade e bombeiros quando transportados nesses veículos;
b) Os condutores de automóveis ligeiros de aluguer, letra A, letra T ou taxímetro.
Não sei se o local onde ocorreu o acidente é considerado como sendo "fora das localidades". Mas mesmo assim, a minha censura vai toda inteirinha para a especulação do(a) jornalista que como título da peça escreveu " ACIDENTE - MILITAR MORTO NA CAPARICA IA SEM CINTO DE SEGURANÇA";
Sr. (a) jornalista, compreendo o seu interesse no sensacionalismo, mas por favor, tenha respeito por quem faleceu no cumprimento de um dever e abstenha-se de dar informações que ainda estão em fase de investigação pelas autoridades competentes.
Sem querer meter "a foice em seara alheia" propunha-lhe um titulo para a notícia e que substituiria o que acima referi: "ACIDENTE - MILITAR MORTO NA CAPARICA POR CONDUTOR QUE INTEGRAVA CORRIDAS ILEGAIS"
Concordo que o título não é tão apelativo, mas é o verdadeiro. E é a única versão confirmada.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

CLAQUES DE FUTEBOL - (A MINHA VISÃO)

Lembrei-me de escrever sobre este tema, devido aos factos passados ontem com uma das claques de um grande clube de futebol nacional, factos estes que abriram todos os noticiários das rádios e televisões nacionais e foram primeira página dos jornais diários.
As claques adeptas dos clubes de futebol deviam servir para apoiar e incentivar desportivamente os respectivos clubes. Mas não. Isso hoje não acontece. Antigamente, dava gosto ir aos estádios de futebol, observar ao vivo os verdadeiros artistas a evoluir nos relvados (pelados). Olhava-se para o lado e via-se uma mescla de cachecóis e bandeiras dos clubes envolvidos.
Hoje isso não é possível por culpa de uma cultura incutida e cultivada pelos dirigentes que consideram os adversários como inimigos públicos. São eles que incendeiam os espectáculos desportivos.
Vejam-se os relatos dos incidentes registados com as claques dos clubes: Homicidios, agressões, droga, etc.
Assim não dá. E para agravar mais a questão, quando "a coisa dá para o torto" logo os dirigentes tratam de "sacudir o rabinho", desmentindo o indesmentível. È preciso ter lata. Ou seja, a negar qualquer apoio às claques e até a ignorar a sua existência. Tenham juizo Srs. dirigentes, sejam pessoas bem formadas e cultivem o bom entendimento entre os diversos agentes desportivos. Moralizem o desporto, não atirem gasolina para esta fogueira. Sejam humildes ao ponto de reconhecer as vossas culpas em todo este processo.
É muito fácil manipular multidões, sejam elas integradas por elementos cultos ou incultos, por serem aliciadas com promessas, ilusões, etc. Os dominadores conseguem facilmente iludir as multidões. Pelo contrário quem tenta desiludir torna-se a vítima.
Como agente de autoridade que presta serviço na força de segurança encarregue do policiamento nos maiores estádios do país, no contexto actual, sou a favor da existência das claques organizadas. E porquê?
Simplesmente pelo facto de existir um maior e melhor controle no encaminhamento para os palcos desportivos, concentrando-os e vigiando-os em locais previamente definidos.

domingo, 16 de novembro de 2008

MUDAR OU ARRANCAR OS "MALHÕES"

No Código Penal, a figura que os Almofalenses (e não só )conhecem por "malhões" é designada por "marcos". Estes servem para delimitar propriedades, isto é, dá-nos a informação onde acaba uma propriedade e começa outra.
Segundo o Código Penal vigente, arrancar ou mudar os marcos ou "malhões" é crime.

Artigo 216.º - Alteração de marcos
1 - Quem, com intenção de apropriação, total ou parcial, de coisa imóvel alheia, para si ou para outra pessoa, arrancar ou alterar marco é punido com pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 60 dias.
2 - O procedimento criminal depende de queixa.
3 - É correspondentemente aplicável o disposto no artigo 206.º e na alínea a) do artigo 207.º
Mas, se formos a ver bem, o assunto não é assim tão linear. Para que tal aconteça há pressupostos legais que são necessários observar:
Esta é uma questão que pelo seu interesse merece um cuidado especial pelo que efectuarei uma explanação sumária do regime aplicável à demarcação de terrenos.
1º - De acordo com o art. 1353º do Código Civil, o proprietário pode obrigar os donos dos prédios confinantes a demarcar as estremas entre o seu prédio e os deles. Isto aplica-se nas situações em que não há demarcações ou quando estas estejam mal feitas.
2º - Nos termos do art. 1354º do mesmo Código, a demarcação é feita de acordo com os títulos de cada um (documentos que cada um possua) e, na falta destes, de harmonia com a posse em que estejam os confinantes ou ainda do que resultar de outros meios de prova.
3º - Se os títulos não determinarem os limites dos terrenos ou a área pertencente a cada proprietário, e a questão não puder ser resolvida pela posse ou por outro meio de prova, a demarcação faz-se distribuindo o terreno em litígio por partes iguais.
4º - Se os títulos indicarem um espaço maior ou menor do que o abrangido pela totalidade do terreno, atribuir-se-á a falta ou o acréscimo proporcionalmente à parte de cada um.
5º - O direito de demarcação é imprescritível, sem prejuízo dos direitos adquiridos por usucapião.
6º - A alteração de marcos é crime punível com pena de prisão até 6 meses ou dias de multa até 25 dias, caso tenha sido efectuado durante a vigência do Código Penal de 1982, ou de 60 dias de multa, se na vigência do actual Código Penal.
7º - Para que se verifique o crime de alteração de marcos, previsto e punido pelo artigo 216º do actual Código Penal, não basta provar-se que o proprietário do terreno confinante destruiu ou arrancou um marco; é também necessário provar-se que tais sinais tenham sido postos por decisão judicial ou com o acordo de quem estivesse legitimamente autorizado a dá-lo.
Tendo explicado os princípios básicos das demarcações de terrenos, cumpre-me dizer que os marcos não têm de ser de pedra. Outras coisas como uma árvore ou a vedação de esteios com arame também podem funcionar como marcos. Têm é que respeitar as regras acima enunciadas para que tenham o valor de marco. Isto é dizer, ou são considerados marcos por uma decisão judicial, ou por consentimento dos proprietários que marcam os limites dos seus terrenos. Nesta última situação, a existência de testemunhas ou de documentos escritos é um cuidado elementar a ter.
A resolução de litígios jurídicos que versem sobre estas questões não pode, de forma alguma, resumir-se a este parecer dada a complexidade de que, em geral, se revestem. Se a importância económica resultante dos problemas suscitados pelas demarcações assumir uma dimensão que mereça preocupação, é evidente que se torna indispensável um estudo mais aprofundado. Até porque a simplicidade com que se aflorou o tema não demonstra a complexidade da solução de matérias deste foro.
Levantei esta questão, que entendo pertinente, consultando juristas e opiniões de entendidos na matéria.
Nas aldeias rurais do interior norte e centro, com propriedades em pequenas parcelas, estas são por norma delimitadas por marcos e, com alguma regularidade, ouvem-se nas notícias lítigios entre proprietários de terras, inclusivé entre familias, litigios estes que passam para além dos limites do racional.

sábado, 15 de novembro de 2008

"OS GRAXAS"


À primeira vista, ao ler o título do post, o pensamento dos meus amigos vai sem sombra de dúvidas incidir sobre uma profissão que actualmente se encontra em vias de extinção. Nem eu quero fazer essa comparação para não prejudicar os verdadeiros profissionais que ainda restam e que nos tratam de embelezar o calçado quando a preguiça se apodera de nós. Sempre gostei de me engraxar a mim mesmo.

Mas deixemos estes profissionais e passemos a uma outra actividade, com o mesmo nome, actividade esta que vai minando as estruturas, criando desunião entre os membros e algumas vezes "ódios de estimação".

Por norma, "os chefes" de qualquer coisa, gostam de ser bajulados, tanto em público como em privado e, para isso, nada melhor que "os graxas".

Não importa se o bajulador é sincero ou não. Pode até ser um mau profissional no desempenho da missão para que foi contratado. Isso não importa. O que é importante é que ele saiba bajular o chefe, nem que seja com mentiras. O chefe é que tem de ser sempre o maior. Claro que o chefe vai retribuir a "estes ratos amestrados" com umas boas avaliações do desempenho e, se possível, com promoções no grupo de trabalho.

Os bons profissionais, os integros, aqueles que não vão em "graxisses", esses são preteridos.

Assim vai este país do "faz de conta" à beira mar plantado.

Claro que não englobo neste comentário aqueles que, por razões profissionais e com base no dever de obediência e lealdade são obrigados a ter relações priveligiadas com as chefias.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O COMBOIO EM BARCA D'ALVA



Quando em criança ouvia falar de Barca D'Alva, não fazia a minima ideia da importância deste lugar anexo à freguesia de Escalhão do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Os almofalenses falavam da Barca como um local para onde iam "ganhar a jeira" integrados em ranchos que se dividiam pelas muitas quintas ali existentes. Eram trabalhos sazonais como a vindima, a apanha da azeitona e a apanha da amêndoa, que justificavam um maior empenhamento de matéria humana. Os habitantes de Barca d'Alva, na sua maioria, eram empregados da CP, Guardas Fiscais ou pescadores, o que só por isso, justificava o recrutamento de jeireiros para trabalhos agrícolas nas outras freguesias rurais do concelho.
Ouvia falar da estação da CP e das suas ligações ao Porto e a Espanha. Nunca dei importância a este factor, excepto quando já com outra idade, necessitei deste transporte para efectuar viagens até Freixo de Numão. Nesta altura meu pai prestava serviço na GNR da Mêda e este era o transporte mais directo até esta localidade. As locomotivas a carvão (vapor), a entrada da mesma nos diversos túneis escavados nas rochas, o fumo a entrar pelas janelas abertas, tudo isso são recordações do passado e de que me recordo com saudade.
Vem esta introdução a propósito da prespectiva de reabertura da linha que se encontra encerrada desde 1990. Se se confirmar, trata-se de uma mais valia para uma região que engloba dois patrimónios mundiais: O Douro vinhateiro e as gravuras do Côa. O desenvolvimento turístico da região agradece até pelo facto da mesma linha férrea ter ligação à provincia espanhola de Salamanca. Há que congregar esforços dos dois lados da fronteira e avançar com este projecto turistico que vai beneficiar não só os habitantes da região como todos os turistas que nos visitam e que assim ficam a conhecer uma das mais belas paisagens deste Portugal profundo.
A Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, na pessoa do seu Presidente, Sr. Dr. António Edmundo, está de parabéns pela aposta feita na revitalização da linha e na requalificação do cais de Barca d'Alva.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

SAÚDE

Folheei o Ecos da Marofa nº. 386 de 10NOV2008. Entre as muitas para não dizer a totalidade das notícias que me prenderam a atenção, houve uma que mais "aguçou" a minha curiosidade. Até pelo simples facto de eu já me ter pronunciado sobre esse assunto neste blogue.
A reportagem da televisão SIC, ocorreu precisamente numa altura em que eu me encontrava em Almofala e necessitei de recorrer aos serviços do Centro de Saúde de Figueira de Castelo Rodrigo. As consultas que pretendia eram destinadas a meus pais, sendo que o meu progenitor sofre de uma doença crónica que carece de um acompanhamento regular e em datas imprevisiviveis. Ou seja, tem de recorrer ao médico de família quando o seu estado de saúde se encontra fragilizado.
Contactei com as pessoas que foram entrevistadas pela SIC. Não está em causa a veracidade das afirmações proferidas pelos entrevistados. O que aqui está em causa é a substância dessas afirmações.
O Sr. Dr. Joaquim Pelicano, médico que eu não conheço pessoalmente mas, pelo que me dizem, trata-se de um excelente profissional, afirmou na sua entrevista que:"Consegue-se consulta num dia ou noutro, agora cada pessoa vê as situações à sua maneira, dependendo da vontade e disponibilidade de cada profissional de saúde".
Então Sr. Dr., os profissionais de saúde só atendem os pacientes se tiverem vontade? Não lhe fica bem essa afirmação, mas compreendo-a. É natural que o Sr. Dr. Pelicano tenha vontade e eu sei que o Sr. é daqueles que excede em muito as tais doze consultas diárias. Agradeço-lhe por isso em nome dos meus país de quem é o médico de familia.
Na mesma entrevista, o Sr. Dr. afirma " Se o caso de doença for grave, o médico tem obrigação de atender o doente num período máximo de 48 horas e também existe o serviço de urgências, onde está sempre um médico em atendimento."
Pelo que deduzo e posso estar enganado, na situação do meu pai, basta comparecer à consulta que a mesma é sempre garantida. Será?
Quanto à deslocação ao serviço de urgências, penso que medidas proactivas serão as mais aconselhadas. Com toda a certeza o médico de família está mais por dentro da situação clínica do doente e não precisará de efectuar um novo diagnóstico da doença.
Nesta "polémica", se me é permitida a opinião, deve-se mudar o que está mal e conservar o que está bem. Até neste aspecto poderão não existir concensos pois o que para uns está bem para outros estará mal.
No entanto, uma coisa eu garanto, haverá unanimidade nas opiniões, quando se encontrar uma solução para evitar a permanência das pessoas, altas horas da madrugada, a fim de marcar consultas médicas.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

DIA DE S.MARTINHO E NÃO SÓ



Hoje é dia de S.Martinho. Já o diz o provérbio popular " No dia de S.Martinho vai à adega e prova o teu vinho". Ninguém se lembraria do dia de S.Martinho se a ele não estivessem associadas as castanhas assadas e o vinho. Poderemos dizer que é um dia celebrado por conveniência. Hoje é o dia em que aqueles que habitualmente bebem uns copitos arranjam uma desculpa séria, quando são detectados com excesso de alcool: " Então Sr. Guarda, não sabe que dia é hoje?". É esta a desculpa para os seus excessos.

Até hoje nunca consegui descobrir a ligação entre o S.Martinho, as castanhas e o vinho, a não ser o dia da celebração e a conveniência da escolha deste dia.

No calendário liturgico, o dia de S.Martinho celebra-se no dia 11 de Novembro, data em que o Santo, no ano de 397, foi a enterrar em Tours-França, depois de ter falecido dois ou três dias antes em Candes.

S.Martinho é santo patrono dos alfaiates, dos cavaleiros, dos pedintes, etc. e o facto do seu dia coincidir com a época do ano em que se celebra o culto dos antepassados e com a altura em que terminam os trabalhos agrícolas e se começa a usufruir das colheitas ( do vinho, dos frutos, etc) leva a crer que a festa deste Santo tenha uma componente de exuberância que actualmente tende a prevalecer.

Assim, em Portugal, o dia de S.Martinho, é lembrado principalmente para enaltecer o espirito da solidariedade. Quem nunca ouviu contar o episódio em que partilhou a sua capa do uniforme de soldado com um pobre pedinte?

Um bom dia de castanhas assadas e bom vinho para todos os Almofalenses.

Nem eu me lembrava. Para os esquecidos como eu, lembro-os que hoje passam 90 anos sobre a assinatura do Armisticio que marcou o fim da 1ª. Guerra Mundial. Tratou-se do primeiro conflito armado do Séc. XX

domingo, 9 de novembro de 2008

DIVERTIMENTOS

No último texto deste blogue escrevi a palavra "divertimentos" levando-os para o período nocturno. À primeira vista, quem não tivesse conhecido a realidade da minha geração, seria induzido em erro e pensaria como se estivesse na actualidade. Nada disso. A minha geração contentava-se com pouco. Na parte nocturna, eram um bailaricos na "Casa da Escola" a que eu apenas assistia, pois não era um "pé de dança" e umas suecadas na Cervejaria da Sra. Lucilia.
O nosso espaço de divertimento ficava limitado a Almofala, dado não haver a quantidade de transportes que hoje existem. Geralmente aos domingos, quando se tinham alguns tostões a mais, arriscava-se uns joguitos de cartas mais complicados, mas sempre com o ouvido ligado para o exterior não se tivesse a visita inesperada dos Homens da Lei. Algumas vezes, aconteceu haver necessidade de saltar pela janela para um quintal e deste para a rua. E isso pelo facto de estarmos no interior da cervejaria com a porta fechada, pois já tinha terminado o seu período de funcionamento. Enfim, havia respeito.
Os verdadeiros divertimentos desenvolviam-se durante o dia. Os grupos de crianças reuniam-se quase sempre no adro da Igreja. Chamavam-se porta a porta para não faltar ninguém, pois alguns dos confrontos desportivos eram "rua contra rua". Peço desculpa às outras ruas mas a minha, a Rua de "Canta la Rana" era a que tinha mais miudos. Isso não queria dizer que vencessemos sempre. Dependia dos jogos em disputa. O futebol era o desporto que requeria mais matéria humana. O mais complicado era escolher o local do confronto. Geralmente era nos prados e tinha que se ponderar muito bem qual deviamos escolher. Refiro este pormenor devido às constantes perseguições dos donos dos prados. Era um olho na bola e outro no caminho, não fosse aparecer o dono do terreno do jogo. Quando tal acontecia, era dado o alerta, recolhiam-se apressadamente as roupas e "toca" a fugir em direcção a outro local previamente definido, tipo plano B.
Apesar destas vicissitudes, viviamos felizes.
Bom Domingo para todos.

sábado, 8 de novembro de 2008

FIM DE SEMANA


Hoje é dia de descanso. Para qualquer comum dos mortais que trabalhe durante uma semana inteira, o fim de semana é sempre bem vindo. Para mim é um descanso a dobrar. Trabalhar durante a noite é diferente do trabalho em regime diurno. A idade também já é outra. O que antigamente para mim era um prazer (divertir-me à noite), hoje é já um fardo pesado com a agravante de ser a trabalhar em prol da segurança dos cidadãos. Às vezes sinto-me diminuido nas minhas capacidades e penso com os meus botões: "Quem me dera ter agora vinte anos". Sim, porque com o evoluir da idade perde-se algum vigor físico mas ganha-se maturidade e ambos os atributos deviam estar misturados no Homem perfeito. Na minha actividade profissional era o ideal. A alteração da Lei da reforma veio complicar os meus projectos futuros. Por este andar, nem sei se a chegarei a gozar. Estamos na eminência de ver um qualquer cívico, uniformizado e armado a deambular pelas ruas de uma qualquer cidade amparado a uma bengala. Em contrapartida o crime evoluiu e organizou-se cientificamente. Se antes se dizia "O que pensa o gato pensa o rato", hoje teriamos de arranjar a comparação com um animal mais feroz. Eu, neste momento, já não sei se sou o gato se sou o rato. Mas enfim, melhores dias virão. Bom dia de descanso a todos os Almofalenses, estejam onde estiverem.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

CARTA ABERTA AO SR. PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO


Sr. Dr. António Edmundo
Não sou cidadão eleitor inscrito nos cadernos eleitorais de Figueira de Castelo Rodrigo. Nasci em Almofala e com muita pena minha tive de deixar a terra que me viu nascer e que eu tanto adoro.
Aí viveram os meus antepassados e ainda vivem os meus pais e outros familiares já com idade avançada.
Como o Sr. Presidente sabe, o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo envelheceu. E isso deveu-se principalmente à falta de estruturas empresariais que fixem os jovens à nossa terra.
Sei do grande esforço que Vª. Exª. e a sua equipa estão a fazer para inverter estes dados estatisticos.
Por isso lhe agradeço e incentivo a continuar a sua obra.
Mas, o que me levou a escrever esta carta aberta é acima de tudo um apelo que lhe faço, embora saiba de antemão que não é "assunto da sua lavra".
Contudo, o Sr. como Presidente de todos os Figueirenses tem uma palavra a dizer e, com toda a certeza, esta chega mais rápido e com outro peso aos orgãos de decisão.
Trata-se do modo como os Figueirenses, e não só, são tratados no Centro de Saúde de Figueira de Castelo Rodrigo.
Nada a dizer dos funcionários e pessoal médico/enfermagem. Estes são exemplares.
O que aqui se torna vergonhoso é o facto de haver pessoas que se concentram junto ao Centro de Saúde às três horas da manhã para terem direito a uma consulta médica.
Disseram-me que tal se deve à falta de médicos. Talvez uma política economicista por parte do Governo Central.
Escrevo por experiência própria pois já senti na pele o que é ter de me deslocar para o Centro de Saúde às quatro da manhã e, mesmo assim, já ser o sexto para a consulta médica.
A tudo isto, junte-lhe o facto de no Centro de Saúde apenas existir um abrigo (se é assim que se lhe pode chamar) com estrutura em alumínio, sem aquecimento, onde as pessoas se resguardam do frio e da chuva, anexo este com capacidade para cinco doentes.
E o Sr. Presidente sabe como são rigorosos os Invernos em Figueira de Castelo Rodrigo!
Acha isto humano, Sr. Presidente?
Desejo-lhe os maiores êxitos para o desempenho da sua Presidência, na certeza que se traduzirão em benefícios para os habitantes do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.
Subscrevo-me com elevada estima e consideração.
Com os melhores cumprimentos
Luis Neves das Eiras
NOTA: Em 04NOV08, mandei um email à C.M. de Figueira de Castelo Rodrigo, dando conhecimento desta carta aberta.

DIA DE FINADOS

Foi dia de Finados. Gostaria de ter estado presente fisicamente nos Cemitérios de Almofala e de Mata de Lobos em homenagem aos meus antepassados. Tal não foi possível por força da minha profissão. Estive presente em espirito. Neste dia telefonei para minha mãe (o que é prática diária) com quem desabafo e sei notícias da minha terra. Foi com uma grande emoção, o que se notava na sua voz, que me contou da sua ida ao cemitério e da grande afluência de pessoas no mesmo. Fiquei feliz em saber que as gentes da minha terra ainda dão valor e continuidade a um ritual praticado pelos nossos antepassados. Temo que com o evoluir dos tempos, desarticulação das familias e deslocalização das mesmas, esta prática vá caír em desuso. Seria bom que se mantivesse, mesmo que anual, e fosse transmitida de pais para filhos de modo a não deixar caír esta tradição.
Um abraço para todos os Almofalenses.