sábado, 28 de março de 2009

A MINHA RUA



Quando me perguntam onde nasci, respondo sempre que foi na Rua de Canta la Rana, em Almofala. Interiorizei esta resposta e não sei responder de outro modo. Sempre o ouvi da parte dos mais idosos e é assim que o vou transmitir aos mais novos. Nunca liguei às placas colocadas na rua e que alteraram a toponimia para Rua Dr. Marques de Andrade. Também nunca me preocupei em saber quem foi esta personagem tão importante e cuja relevância se pretendeu destacar com a atribuição do seu nome a uma das ruas mais carismáticas de Almofala.

Há toponimia em Almofala que nunca mudou nem vai mudar e que ficará perpetuada na memória dos almofalenses. Exemplo disso são o Bairro Torino, a Sentinela, as Eiras, o Campo, etc. Outros há que, aos poucos, as pessoas se vão habituando a novas designações. "A Casa da Escola" passou a Bairro de S.Sebastião. Talvez a demolição da escola que ali existia tivesse contribuido para esta mudança.

Em relação à Rua de Canta la Rana, a minha preplexidade é ainda maior quando um arruamento adjacente ostenta o nome de "Travessa de Canta la Rana". Como é que pode haver uma travessa de uma rua que não existe?
Não quero ferir susceptibilidades nem exercer pressões sobre quem quer que seja. Contudo e como reflexão, coloco esta questão para que haja debate e, se assim for o entendimento das entidades competentes, se possa restaurar o verdadeiro nome de uma das ruas mais conhecidas em Almofala.

segunda-feira, 23 de março de 2009

PROFISSÕES OU ACTIVIDADES EXTINTAS EM ALMOFALA

Há percursos de vida que são efectuados mediante as necessidades básicas de uma comunidade. As profissões aparecem e desaparecem consoante essas necessidades. Em Almofala, a exemplo do que acontece por esse mundo fora, já existiram profissões e actividades que actualmente se encontram extintas ou em vias de extinção. Umas desapareceram naturalmente por falecimento de quem as exercia e não tiveram continuidade. Outras houve que perderam a sua utilidade, deixando de ser rentáveis para quem as pretendia exercer.
Socorri-me do meu amigo José Joaquim Gouveia Almeida para me ajudar nesta pesquisa. Da relação que me deu dessas profissões, constam algumas que ainda são exercidas mas que, a breve prazo, também elas entrarão em processo de extinção. Forneceu-me nomes de almofalenses que as exerceram. É minha intenção publicá-los neste blogue como meio de perpetuar as suas memórias ligando-os às respectivas actividades. Sei e disso tenho consciência que me vou esquecer de alguns. Rectificarei neste espaço toda e qualquer imprecisão ou omissão que porventura venha a cometer. Usarei alguns "alcunhas" e nomes que permitirão uma melhor identificação, até pelo facto de serem assim conhecidos. Agradeço antecipadamente a todos os que me possam ajudar neste trabalho que o façam dos seguintes modos: Dando informações nos comentários que efectuarem ou contactando-me pessoalmente.


ALBARDEIRO

Albarda - Espécie de sela feita de pano grosseiro ou lona, cheia usualmente de palha, para bestas de carga.
Foi uma arte praticada em toda a região arraiana. Exercitavam a arte com agulha, tesoura e dedal. As albardas eram talhadas, enchidas e cozidas.
Albardeiros de Almofala: Silvério Santa Comba, mais conhecido por Silvério "Albardeiro"


ALFAIATE


Alfaiate - Aquele que trabalha na confecção de roupas
Tal como o albardeiro usam a tesoura, agulha, dedal e máquina de costura. Acrecentam às suas "ferramentas" os moldes e a fita métrica
Alfaiates de Almofala - Alberto Cordeiro, Aires Cravina, Carvalhosa


AMOLADOR


Amolador de tesouras e facas - Deslocavam-se de terra em terra assinalando a sua presença com um silvo estridente e caracteristico proveniente de uma "gaita de beiços". Geralmente transportavam-se em bicicletas preparadas com uma roda para efectuar o trabalho.



BARBEIRO


Barbeiro - Indivíduo que tem por profissão cortar a barba e o cabelo a homens. Antigamente, alguns deles, também serviam de dentistas.
Barbeiros de Almofala - "Chico Savoeiro". Actualmente, o Sr. Francisco Maçana, ainda exerce esta actividade.




COSTUREIRA


Costureira - Eram as criadoras da moda feminina. Tal como o alfaiate utilizavam a máquina de costura, as agulhas, o dedal, a tesoura, a fita métrica e os moldes.


Costureiras de Almofala - Previdência Malta; Lucinda Monteiro


FERREIRO


Ferreiro - O ferreiro é uma pessoa que trabalha o ferro ou aço. Ou seja, através da utilização de ferramentas como fole, bigorna, martelo, dobra e corta, molda o ferro e aço na sua forma não líquida. Aguçavam as “relhas” e bicos dos arados e demais ferramentas da lavoura. O seu local de trabalho era conhecido por "forja"


Ferreiros de Almofala - António "Ferreiro", António Joaquim Lourenço, José Serralheiro


FERRADOR


Ferrador - Eram os "sapateiros" dos machos, burros e vacas. Também percebiam de veterinária.


Ferradores de Almofala: Costa Barreiros, José Lourenço ou "Zé de Almendra", João Malta, José de Lima



FORNEIRO


Forneiros(as) - Executavam o seu trabalho em fornos comunitários onde se dirigiam as mulheres para fabricar o pão necessário para o sustento da casa. Quem os utilizasse pagava uma "maquia" à forneira.


Forneiros(as) de Almofala: Graciosa "Barata", Deolinda "Tomela"


MOLEIRO




Moleiro - Exerciam esta actividade nos moinhos instalados no Rio Águeda. Levavam o grão e regressavam com a farinha. Para este efeito faziam cargas nos machos e burros. Era a única forma de fazerem chegar os cereais aos moinhos devido ao caminhos serem bastante sinuosos e estreitos.




MINEIRO




LAGAREIRO





CABREIRO







CONTRABANDISTA

ENXERTADOR

CARTEIROS (AS)

ENDIREITA

domingo, 22 de março de 2009

ERRAR É HUMANO


Ontem, com muita pena minha, vi o futebol por fora. Apesar de não ser simpatizante de nenhum dos intervenientes, preferia que ganhasse o Sporting. Não sei porquê! O coração, por vezes, tem razões que a própria razão desconhece. Tratou-se de um jogo em que se tentou "branquear" os insucessos de uma época. A comunicação social deu-lhe um relevo próprio de final de uma qualquer competição europeia. Entre os muitos erros cometidos pelas três equipas, vi claramente dois que interferiram no resultado final: Um "penalty" mal assinalado por Lucílio Batista, árbitro da partida e a ineficácia dos jogadores do Sporting na marcação das grandes penalidades.

Sei de antemão que os erros cometidos pelos jogadores do Sporting na marcação das grandes penalidades, o mérito também poderá ser atribuído ao guarda-redes do Benfica. Como tal, presumo que este tipo de erro seja considerado como involuntário. A dúvida persiste em relação à decisão tomada pelo juiz da partida. Neste tipo de lances mais decisivos, e esta é a minha opinião, só deviam ser assinalados quando o árbitro tivesse plena certeza que a decisão que estava a tomar era a correcta. Entrariamos num principio da justiça que refere ser mais justo e equilibrado absolver um criminoso a condenar um inocente.

Já tenho ouvido muitas teses sobre o erro voluntário e o erro involuntário. Cada caso é um caso. Para alguns o erro voluntário é sinal de sabedoria. Ou seja, errou voluntariamente, mas sabia como agir correctamente. Pelo contrário, o erro involuntário, é cometido por quem não sabe resolver correctamente os problemas com que se depara. Quem os comete não tem conhecimento nem consciência das consequências desses erros. Mostra ignorância.
Isso são contas de outro rosário. Aqui o que interessa é o modo como se desvirtuou a verdade desportiva. Poderá ter sido um erro involuntário. Acredito que sim. Um erro é desculpável quando é assumido por quem o comete.

Errar, quando é uma excepção à nossa conduta, não faz de nós piores pessoas. Somos humanos e, como tal, "errar é humano".

Já errámos no passado e com toda a certeza iremos errar no futuro. Não podemos alterar a essência humana e definir os parâmetros necessários para atingir a perfeição. Podemos, isso sim, aprender com os erros cometidos no passado, retirar deles as respectivas ilações, evitando repeti-los no futuro.

Pedir desculpa pelos nossos erros é um acto nobre, próprio do ser humano que os reconhece. Para mim é das palavras mais difíceis de pronunciar. Não pelo sentido literal da palavra mas sim pela consciência que tenho de que lesei ou magoei alguém.

quarta-feira, 18 de março de 2009

ASSIMETRIAS NACIONAIS, REGIONAIS E CONCELHIAS

As assimetrias estão a aumentar em Portugal. Há uma diferença abismal no modo como as regiões, subregiões e concelhos são tratados. Essas diferenças são mais notórias entre o litoral e o interior. Há um grande deslocamento das populações do interior para o litoral que são a causa principal da desertificação e que, por sua vez, vai contribuír para deteriorar a qualidade de vida nos grandes centros urbanos.
O desinvestimento no interior do país, com o encerramento de muitos serviços públicos só aprofunda essas assimetrias cavando um fosso cada vez mais fundo entre o litoral e o interior.
Os investimentos estatais na construção do TGV e no novo aeroporto serão a prova disso.
Tive acesso a um relatório do PIDDAC (Plano de Investimento da Administração Central) onde isso é bem demonstrativo. Entre 2002 e 2008, o investimento realizado pelos governos através do PIDDAC reduz-se em -45,5% a nível do País. A nível do Distrito da Guarda essa redução cifrou-se em -41,5%.
Aflorei as assimetrias a nível nacional. Importa agora focá-las a nível concelhio. Não estou na posse dos dados estatísticos que me permitam chegar a qualquer conclusão. No entanto, torna-se evidente e "salta aos olhos" de qualquer um, os investimentos efectuados pela Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo.
Algumas freguesias foram beneficiadas e outras seriamente prejudicadas. Nestas incluo Almofala.
A demonstração contrária ao que afirmo reporá a verdade dos factos e não terei qualquer pejo em me retratar publicamente.
A este respeito perguntarei. Há quanto tempo está construída a ETAR de Almofala? Há quanto tempo ela está parada?. Dir-me-ão os almofalenses que esta estação de tratamento de águas residuais, apesar de construída, nunca esteve em actividade.
É esta a verdade "nua" e "crua".

terça-feira, 17 de março de 2009

AMENDOEIRAS FLORIDAS EM ALMOFALA

A Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo e muito bem, tem desenvolvido uma campanha publicitária para atraír o turismo ao concelho. Prova disso estão as obras de conservação em Castelo Rodrigo, as obras de requalificação do cais fluvial em Barca de Alva, a possível reabertura da linha de caminho de ferro entre o Pocinho e Barca de Alva, a atribuição de subsídios ao plantio de amendoeiras, etc. etc.
Fico feliz por isso. A festa das amendoeiras em flor é indubitavelmente uma das maiores ofertas e a que atrai à região o maior número de turistas nacionais. Aqui procuram e conseguem apreciar uma paisagem natural de "encher os olhos".
Apenas não concordo com um pormenor. No centro da vila, reparei numa placa com os dizeres "Amendoeiras em flor", placa esta que ostentava uma "seta" dirigida para a estrada de Foz Côa.
Sei que é nesta direcção que existe o maior volume de amendoeiras. Contudo, porque sou almofalense, não poderia deixar de alertar quem de direito para o facto de em Almofala também existirem amendoeiras floridas em quantidade suficiente para não defraudar os turistas que nos visitam.



Isso iria desconcentrar o volume de turistas em determinados locais, impulsionaria a diversidade da oferta e daria ânimo aos proprietários dos amendoais para continuarem a preservá-los.

segunda-feira, 16 de março de 2009

REABRIU O "CAFÉ DE ESCARIGO"

Almofala sabe exportar competência, profissionalismo e dedicação. Alfredo Teixeira Figueiredo, mais conhecido em Almofala por Alfredo "Venâncio", reabriu este espaço e rebaptizou-o de Café-Bar/Restaurante "O BEIRÃO". Este almofalense esteve emigrado em Paris-França onde era proprietário de um restaurante /marisqueira. Mudou de local mas não mudou o nome. A sua experiência no ramo vai ser, seguramente, uma mais valia para Almofala, Escarigo e para o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. A qualidade da oferta e a proximidade de Espanha vão ser motivos mais que suficientes para cativar a vinda de "nuestros hermanos" e não só.

Visitei esta renovada unidade de restauração e fiquei maravilhado. Conhecia o anterior espaço. Os retoques e a introdução do cunho pessoal do Alfredo deram um novo ar ao restaurante. Tornaram-no mais funcional e reservado. O estilo de decoração manteve-se até pelo facto da anterior proprietária ser uma "expert" na matéria.





O Alfredo introduziu-lhe um novo elemento decorativo

Não vou utilizar mais adjectivos para classificar positivamente o espaço. Nada melhor que a constatação "in loco". Depois, deixem a vossa opinião e digam se tenho ou não razão no que afirmei.
Boa visita e bom apetite.




segunda-feira, 9 de março de 2009

O VALOR DO "NÃO"



Nas conversas informais com pessoas minhas amigas, estas admiram o modo como digo "NÃO". Por vezes tenho dificuldade em pronunciar esta palavra de sentido tão negativo. Fingir que está tudo bem e acenar com a cabeça dum plano superior para um plano inferior, não está nos meus princípios. Digo "não" quando discordo e digo "sim" quando concordo. Não ha meios termos. Não cabe no meu dicionário a palavra "nim". Detesto hipocrisias.

A palavra "não" terá mais sentido quando é nosso hábito dizer "sim". Neste caso, um "não" proferido dará mais valor ao "sim".

Nesta sociedade actual, os pais sentem imensa dificuldade em dizer "não" aos filhos, quando estes reivindicam algo que é desaconselhado. Os empregados temem dizer "não" aos patrões com medo de represálias. Os políticos em época de eleições retiram dos seus discursos a palavra "não" como modo de angariar votos.


Saber dizer "não", é saber expressar o que melhor satisfaz as nossas necessidades e, dessa forma, sentirmo-nos bem connosco e com os outros.

domingo, 8 de março de 2009

O MEU BAPTISMO NO MUNDO TAURINO ESPANHOL


O meu amigo Leonel Nascimento foi o padrinho. Aceitei o seu convite para o acompanhar na abertura da época taurina em Espanha. Fiquei a saber que é a praça de Olivença a escolhida para esse efeito. Aqui se reune anualmente a fina flôr da tauromaquia mundial. Fiquei encantado com a arquitectura da praça. Não vou entrar em detalhes pelo simples facto de desconhecer os estilos empregues na sua construção. Apenas posso dizer que já entrei em várias praças portuguesas e nunca tinha visto nada igual. Quem passa na rua de acesso à praça não faz a mínima ideia da beleza do seu interior.



Como já o referi, nunca fui um aficionado do mundo dos touros. No entanto, agradeço ao amigo Leonel a paciência que teve para me explicar todos, mas mesmo todos, os detalhes técnicos deste género de tourada.



Não poderei dizer que já fiquei fã desta arte. Fiquei sim com vontade de repetir esta experiência, ciente que da próxima vez já apreciarei de outro modo as lides dos touros.
Para que conste faziam parte do cartel os seguintes toureiros: Morante de la Puebla, El Juli e Miguel Ángel Perera.




Por me ter permitido apreciar um espectáculo único e pela paciência que teve para aturar a minha ignorância, o meu muito obrigado ao meu Amigo Leonel.

(Recortes do diário "HOY" de 08 de Março de 2009)
para ampliar "clique" sobre a imagem




terça-feira, 3 de março de 2009

MISÉRIA SOCIAL - HISTÓRIA VERÍDICA

As referências que introduzi no título deste artigo proferidas pelo Presidente do Brasil, Sr. Lula da Silva, foram propositadas. Foram efectuadas num contexto propagandistico eleitoral, cheio de boas intenções e com metas bem definidas. Não acompanho a vida política do Brasil mas, pelo que sei, essa luta nem sequer começou. Os projectos políticos de combate à miséria e à exclusão social não passaram disso mesmo. O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em termos de recursos naturais.
Depois desta introdução, vamos então à história verídica que se passou comigo em Ponta Delgada - Açores, no ano de 1980, quando ali exerci funções policiais em comissão de serviço. Foi uma das ocorrências policiais que mais me marcou e que recordarei até que Deus me chame para junto de Si.
Eram cerca das 04H00. Estava eu de "gratificado" ao edifício do Banco de Portugal, mais precisamente nas suas traseiras. Os contentores do lixo ali existentes serviam de depósito aos desperdícios de um dos restaurante mais famosos da cidade. Mesmo junto à Câmara Municipal.
De repente, ouvi um barulho estranho. Pareceu-me proveniente do interior do banco. A adrenalina percorreu-me todo o corpo. Seria um assalto? Nem tempo tive para pensar. Empunhei a pistola de serviço e dirigi-me pé ante pé para a porta de entrada do banco. Ouvi um choro de criança. Dirigi-me para o local de onde provinha, mesmo por detrás dos recipientes do lixo. A noite estava escura como o breu. A iluminação era deficiente. Mesmo assim descortinei a criança. Chamei-a para junto de mim. Não só não respondeu ao meu apelo como ainda se tentou esconder. Fui ao seu encontro e o que encontrei deixou-me estarrecido. Junto a ela encontrava-se uma rapariga já adolescente com uma outra criança ao colo. Soube então que eram ambos seus filhos e que um terceiro tinha ficado em casa da avó. Havia uma diferença de um ano entre eles. "Vasculhar" os depósitos de lixo era rotina diária. Fazia-o durante a noite por sentir vergonha e com medo de ser censurada pela sociedade. Estava separada do pai dos seus filhos e encontrava-se desempregada há cerca de três meses. Até então trabalhava numa fábrica de conservas de peixe que havia entrado num processo de falência, lançando para o desemprego mais de cinquenta pessoas. O regime de atribuição de subsídio de desemprego, naquela altura, regia-se por outras regras que não as de hoje. A assistência social era pouco significativa ou praticamente inexistente. Uma das funções da Polícia de Segurança Pública era precisamente suprir a falta de assistência social e promover o encaminhamento destas pessoas para locais de acolhimento. Solicitei a minha rendição no serviço e acompanhei a mãe e as crianças até à sede do Comando. Foram duzentos metros percorridos com choros e lamentos. Com o assentimento do subchefe de serviço, encaminhei mãe e filhas para a messe do Comando. Virei cozinheiro e preparei-lhes uma refeição que lhes aconchegasse o estômago. O choro deu lugar a sorrisos. Os olhos das crianças brilhavam de alegria. Pareciam estrelas cintilantes. Regressaram a casa. No entanto, a situação foi relatada por escrito e encaminhada para a entidade competente. Nunca mais os vi na mesma situação em que os havia encontrado.
Passaram quase trinta anos. A pobreza continua a ser vista como uma paisagem das ruas das cidades ou, como elemento de conformação de um cenário baseado por jogos de interesses com fins meramente económicos. Por vezes, do outro lado do campo, encontram-se histórias plenas de vida.

segunda-feira, 2 de março de 2009

IDEAIS


Todos nós, na nossa actividade diária, no nosso percurso de vida, temos ideais e lutamos por eles.
Vejam-se as lutas sindicais, as crenças religiosas, os percursos na vida profissional, o estatuto social e económico das famílias, etc. etc.
Ter um ideal é ter objectivos de vida, tanto pessoal como profissional. Há que convencer as pessoas a lutar por um ideal, motivá-los para que a conquista do objectivo seja alcançado.
Para isso é necessário que haja liderança. Uma liderança forte, coesa e acima de tudo exemplar. Foi com promessas de lutas por ideiais que Adolf Hitler e Napoleão Bonaparte convenceram os seus povos a entrar em guerras sem tréguas.
Mas lutar por ideais não é, seguramente, um modo de entrar em guerra com ninguém. Exemplo disso é sem sombra de dúvidas a passagem pelo Vaticano do Papa João Paulo II. No seu pontificado, conseguiu reconstruir a Igreja Católica e tornou-se o símbolo da fé entre os católicos. Eram estes os seus ideais.
Há ideais pessoais e ideais colectivos. Estes dependem em muito e quase exclusivamente das lideranças, sejam elas de empresas ou mesmo dos países.
Pobre do país em que o líder luta por ideais errados que conduzem à perda dos poucos valores que ainda restam nesta vida em sociedade.

domingo, 1 de março de 2009

ÍDOLOS


Ídolo - figura, estátua ou imagem que representa uma divindade e que é objecto de adoração. Pessoa a quem se tributa muito respeito e veneração. Aquilo que é objecto de adoração, de paixão cega.
Fico deveras indignado quando ouço crianças e mesmo adultos dizerem que os seus ídolos são a ou b. Se por parte das crianças eu até compreenda, já por parte dos adultos acho isso como uma doença do foro psico.
Geralmente escolhem como ídolos figuras do futebol, do mundo artístico ou da política.
Esse comportamento é próprio de pessoas que necessitam extravasar, de forma compensatória as suas necessidades, das suas aventuras frustradas, superar carências, identificando-se com os ídolos-heróis. Isso leva-os a uma paixão exarcebada e doentia.
Vê-se muita histeria por esse mundo fora. É o preço da falta de cultura.
Eu também tenho ídolos terrenos. Verdadeiros ídolos. Esses sim, a quem adoro, respeito e por quem tenho paixão cega. São os meus pais.
Por outro lado também tenho um ídolo espiritual, a quem tributo veneração. E Esse é Deus.