
Terminamos mal 2008.
À boa maneira beirã, sem papas na língua, o Sr. Procurador-Geral da República, Dr. Pinto Monteiro, alertou para o possível aumento da criminalidade violenta em 2009. Não só alertou como indicou os motivos desse aumento:
Aumento do desemprego.
Existência de bairros que são autênticas ilhas de exclusão.
Os Ministros que tutelam os organismos que combatem a criminalidade comentaram cada um à sua maneira esta visão do Sr. Procurador-Geral da Republica. Enquanto o Ministro da Justiça, Dr. Alberto Costa, se recusou a comentar, o Ministro da Administração Interna, Dr. Rui Pereira, disse que o Governo estava atento a este fenómeno. Esperamos que sim.
Quanto ao desemprego trata-se de um problema politico-económico que foi uma das prioridades assumidas pelo actual governo aquando da sua tomada de posse e que consta do programa eleitoral do partido vencedor.
No que diz respeito às ilhas urbanas de exclusão social, o problema é mais abrangente e teremos de recuar no tempo para justificar a sua existência. Logo após o 25 de Abril, deu-se a independência às ex-colónias portuguesas. Simultâneamente, ocorreu a maior ponte aérea alguma vez existente, entre essas ex-colónias e a metrópole. As dificuldades para realojar todos os que optaram pelo regresso foram imensas.
Por falta de estruturas ou politica de realojamento, as barracas foram sendo construídas nas periferias das grandes metrópoles. Houve uma rápida multiplicação dos habitantes. As famílias eram cada vez mais numerosas e as carências aumentavam a todos os níveis. Tornaram-se autênticos refúgios de agentes do crime que viam nestes locais o seu "porto de abrigo".
Por interesses imobiliários ou por "problemas de consciência", houve necessidade de implementar uma nova política de realojamento. Ideia luminosa. O lugar das barracas devia ser preenchido com urbanizações modernas e com outra visibilidade. Para isso, havia que realojar os antigos ocupantes em bairros sociais. E foi isso que aconteceu. Mudou-se apenas de local. Os problemas persistem e tendem a aumentar com concentrações multiraciais, com varias culturas(usos e costumes) e diferentes valores.
Que este grito de alerta do Sr. Procurador-Geral da República não caia em "saco roto".
Já estamos habituados a sofrer. O sofrimento faz parte do viver dos portugueses. Só espero e desejo que o pensamento do Sr. Procurador-Geral da República não se concretize no ano de 2009, para bem de todos nós.
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