terça-feira, 14 de outubro de 2008

ALMOFALA

Almofala situa-se a 12 Km a Este da sede do concelho num vale que corre para o rio Águeda junto à fronteira com Espanha. O seu nome tem origem árabe, no termo Almohala, de onde derivou para Almafalla e finalmente Almofala. Este topónimo tem o significado de “acampamento”. Uma curiosa lenda que pode ser conhecida na secção sobre lendas deste concelho dá outra versão para o nome desta localidade.
É de admitir que a primitiva povoação tenha surgido junto da “Torre das Águias”, de origem romana, ou no castro celta de Santo André.
Nos campos de cereal e hortas que rodeiam a povoação existiu até meados do século XVII, uma pequena freguesia conhecida por “Colmeal das Olas”, com cerca de 50 habitantes. Foi completamente arrasada em Outubro de 1642 quando forças espanholas invadiram a povoação durante a Guerra da Restauração. Visitando o lugar, ainda se descobrem muitos vestígios de casas e de uma capela. Próximo desta zona encontra-se um carrasco, árvore selvagem, de tão grande porte que quem o vê pela primeira vez, se admiram pela sua grandiosidade.
Quem se desloca da sede do concelho para a povoação de Almofala encontra no seu percurso a barragem de Santa Maria de Aguiar onde existe um extenso lençol de água onde habitam diversas espécies de aves aquáticas como os patos, galeirões, mergulhões, galinhas de água, gaivotas entre outras.
Um pouco mais à frente, ao chegar perto da capela de São Sebastião, milhares de pequenas amendoeiras em flor dão uma imagem deslumbrante para quem visita esta região. Na região de Santo André encontra-se uma das maiores colónias de grifos de Portugal. Esta ave necrófaga, com 1 metro de comprimento e cerca de 2,5 metros de envergadura, apresenta a cabeça e o pescoço cobertos de penas brancas e o resto de corpo de penas pretas.
Talhado no duro granito da região, perto da povoação, podemos admirar um solitário cruzeiro, datado do século XVI denominado “Cruzeiro Roquilho” ou “Divino Manso Roqueiro”. No topo, numa pedra com forma de prisma, estão gravadas a imagem de um cordeiro e a concha ou “vieira” de Santiago. Este cruzeiro assinalava o caminho que, vindo de Escarigo, seguia por uma estreita rua de Almofala conhecida por “calle canta la rana”.
Na rua Direita existe ainda hoje um enorme poial que serve de assento às pessoas que regressam cansadas do trabalho e que se juntam aqui para uma amena conversa. Chamam-lhe “Pedra da Paciência”. Outrora, quando os “homens bons” da freguesia eram os juizes do povo, a que cabia aplicar as coimas, nele se sentavam os “magistrados locais”, para discutirem o assunto e, depois de sabiamente terem reflectido, aplicarem a multa conveniente. Os “julgamentos” eram demorados , tendo todos os membros da comunidade a oportunidade de apresentarem a sua opinião. Porém a pedra mantinha-se inerte e indiferente aos acontecimentos que a rodeavam mostrando toda a sue eterna paciência.
Esta região foi também conhecida pela quantidade de minas de pirites, associada à prata, que existiram em tempos remotos. Existe mesmo na povoação um lugar denominado “cabeço da prata” onde se supõe terá existido uma mina de onde se extraia aquele metal precioso. Por aqui foram encontrados vestígios de uma “villae”, herdade romana, que atendendo à fertilidade das terras se deveria destinar à exploração agrícola. No “Vale do Torno” foram encontrados machados de pedra do Período Eneolítico a quem o povo chamava “pedras de raio” e atribuía poderes sobrenaturais.
A Igreja Matriz é simples, sem adornos exteriores dignos de nota. A torre sineira tem a forma de prisma terminando em pirâmide. O templo é amplo e apresenta um altar-mor, com retábulo barroco, de arco perfeito, revestido com talha dourada. Nos altares colaterais, junto ao arco que dá acesso à capela-mor, de colunas salomónicas, com 6 espiras cada. Na sacristia existem antigas imagens de santos e um artístico lavabo de pedra de 1766. O tecto da capela-mor, de abóbada de berço, é de madeira de alfarge, em caixotões decorados com desenhos multiformes. No adro da igreja existe um cruzeiro de pedra, colocado em 1640, para perpetuar o sacrifício que a freguesia sofreu em 1642, durante a Guerra da Independência.
A “Torre das Águias” ou “Torre dos Frades” são os nomes pela qual é conhecida esta ruína que, para além da função inicial para a qual foi construída no tempo do domínio romano, terá sido o primitivo convento dos monges de Aguiar e, posteriormente, posto de vigia militar. Esta torre sofreu várias modificações no seu traçado original, ao longo dos séculos. Atingiu o momento de glória durante a Guerra da Restauração, funcionando como posto de vigia. Foi destruída em 12 de Outubro de 1642 quando no decorrer da referida guerra o Duque de Alba mandou invadir o concelho. Durante 2 anos, as tropas espanholas espalharam a destruição e o terror pela região. Junto à torre existia uma pequena povoação, chamada “Torre de Frades” com 40 habitantes que foi completamente destruída e arrasada. Nos tempos áureos do domínio romano, a “Turris Aquilaris” funcionou como pousada para os viajantes, civis e militares, que cruzavam a via imperial romana ligando a cidade da Guarda e Astorga. Também este monumento tem a sua lenda que se relata na secção respectiva.
A Capela de Santo André foi construída em 1909 no local onde terá existido um templo romano. Ainda se pode admirar a sua porta em ogiva dessa época. As duas esculturas zoomórficas, colocadas à entrada do recinto da capela representam a escultura de um de um touro e de um porco com características da época proto-histórica. A nova capela é de construção simples. Ladeando o altar-mor estão dois painéis pintados que representam o Calvário e a Eucaristia, numa representação da Última Ceia de Cristo.

(RETIRADO DO SITE)
http://cardoso.com.sapo.pt/Figueira/Almofala.html

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