terça-feira, 8 de setembro de 2009

EXPLIQUEM-ME


Ainda a identidade Almofalense. Numa das minhas recentes visitas a Almofala e como me é caracteristico, dei um passeio pelo campo. Estava na Capela de Santo André, mais precisamente no miradouro sobranceiro ao Rio Águeda. Tinha comigo os binóculos para observar ao pormenor a fauna e flora que caracteriza a nossa aldeia. Não dei pelo aproximar de um "jeep" todo o terreno. Eram elementos do Instituto da Conservação da Natureza devidamente identificados pelos símbolos colocados no meio de transporte. Palavra puxa palavra e chegámos à parte em que se debatia a posse dos terrenos nas "arribas". Lá lhes contei que minha mãe tinha uma propriedade de oliveiras e amendoeiras no sítio denominado "Cardagal", propriedade esta que já era do meu avô. Informei-os ainda que por dificuldade de acessos esta propriedade já não era tratada e que se encontrava abandonada. No entanto minha mãe pagava as respectivas contribuições.
Foi então que um dos elementos (cujo nome ignoro) me informou que aquele Instituto já era proprietário de terras nas arribas do Águeda. Perante esta afirmação, perguntei-lhe: "Então talvez o Instituto esteja interessado em comprar esta terra que pertence à minha mãe?".
Fiquei petrificado com a resposta. Apetecia-me tomar uma outra atitude mais musculada, tal foi a raiva com que fiquei. " Não, nós não estamos interessados porque isto tudo já nos pertence".
Foi esta a resposta dada. Pareceu-me que não estava na minha terra mas sim num qualquer país do terceiro mundo onde tinha havido uma qualquer revolução".
É isto que se passa na terra que me viu nascer. Não por acção dos seus habitantes mas sim pela cultura implementada por estes pseudo Institutos que de conservação não têm nada.

PARQUE NATURAL DO DOURO INTERNACIONAL

A freguesia de Almofala é parte integrante do Parque Natural do Douro Internacional. Esta estrutura foi criada pelo Decreto Regulamentar 8/98 de 11 de Maio. O seu principal objectivo é conservar o património natural e promover ao mesmo tempo a melhoria da qualidade de vida das populações.
Coloco aqui em causa o cumprimento de ambos os objectivos. O património natural ao invés de ser conservado é constantemente delapidado com o desaparecimento sistemático de locais de referência dos Almofalenses. Não os vou aqui enumerar pois eles são tantos e tenho medo de me esquecer de alguns deles até com alguma importância.
Quanto ao segundo objectivo (melhoria da qualidade de vida das populações) só existe na miragem dos políticos.
Encontramos agora uma Almofala cada vez mais desertificada, com uma população cada vez mais idosa e sem que se notem as melhorias prometidas.
Por isso, resta-me concluir que o dito Parque Natural do Douro Internacional foi criado para conveniência de alguém e com o intuíto de criar mais uns "tachos" de cariz meramente político.
Almofala e os Almofalenses nada ganharam com isso. Pelo contrário, perderam a sua identidade e a sua autonomia enquanto donos das terras.